Fome e Vontade de Comer



Como qualquer comedor compulsivo, sinto falta da comida. Nem é propriamente fome, mas é o conforto que a comida nos traz.

Uma das maneiras de ultrapassar essas crises é mantermo-nos ocupados. "Tomem um banho de espuma, vão ao centro comercial ou simplesmente saiam para uma caminhada", disse a Oprah - e de dietas sabe ela!

Para mim está a ser difícil, e isto ainda está no início. Um comedor compulsivo é um doente crónico, tal como os obesos ou os alcoólicos. Tem de se levar um dia de cada vez, e fazer com que esse dia não tenha excessos cometidos. Ou então todo o trabalho de muitos dias pode ser deitado por terra...

Para já, tenho andado a comer de 2 em 2 ou de 3 em 3 horas, e a sensação de fome não passa. Mas será fome ou vontade de comer? Só pode ser a segunda...

Ora vejamos: meia taça de cereais com leite, duas rodelas de ananás, uma banana, meio prato de esparguete com queijo magro e fiambre light, um prato de sopa com farelo - esta última há meia hora atrás. Como é que pode ser fome?

Mas então que impressão é esta no estômago, que vontade é esta de correr para a cozinha e cozinhar massas e batatas? É o desmame, pura e simplesmente o desmame de uma dependência.

Tal como um alcoólico tem de percorrer os 12 passos, também eu tenho de aguentar. E não é surpresa nenhuma descobrir que, tal como existem os Alcoólicos Anónimos, também existem os Comedores Compulsivos Anónimos.
http://www.ceahow.org/

Por isso, quando me sinto só e deprimida, tento recordar (é difícil) que existem outras pessoas como eu, e que como eu devem estar, neste preciso momento, com fome e medo de vacilar.

Para me lembrar a mim mesma do quanto quero voltar a pesar 65kgs, de como me sinto bem disposta quando faço o cardio fitness do Tae-Bo, de como fico feliz ao ver os gramas a caírem, a transformarem-se em quilos que se vão, a verificar que aquela roupa já está menos apertada...

Para me lembrar disso tudo e não baixar os braços fiz este blog, onde escrevo para quem quiser ler, mas sobretudo para mim.

"Porque eu mereço!"

Assalto ao Frigorífico



Desde que me lembro que assalto a despensa ou o frigorífico. Também desde que me lembro ando em consultas de psiquiatria, primeiro por causa de uma eventual epilepsia, depois por causa de alterações do humor.

É lógico concluir que as duas coisas estão ligadas. Porque a comida para mim, mais do que um prazer imenso, é uma necessidade de suprir o vazio emocional que muitas vezes sinto.

Dá-me de repente uma vontade incontrolável de me consolar com o que estiver à mão, doce ou salgado - mas de preferência salgado. Ele é queijo, ele é fiambre, ele é o que houver, e em quantidades industriais. E se não houver nada já feito, faço.

Tal como as tostas integrais (note-se o integral) que ontem me deu para comer a meio de um dia de dieta até à altura perfeita... mas o pior é que com as tostas veio a maionese... era sem colesterol, mas ainda assim não há justificação plausível a não ser a obsessão compulsiva de comer, não por fome, mas porque sim.

Apenas porque sim. E na altura, não sinto o mínimo sentimento de culpa. Só horas mais tarde é que me sinto fula da vida comigo mesma. Caramba, estragar um dia de dieta perfeita!

É assim, e tem sido assim toda a minha vida.

Sempre houve quem me fizesse sarcásticos comentários de censura, como o meu marido, que me pergunta "se calhar tenho de arranjar um frigorífico para mim", ao que eu respondo "se calhar é boa ideia!"

Mas nunca houve uma observação do género "Porque é que fazes isso, se não tens fome? Passa-se alguma coisa, andas nervosa?"

Outro ponto interessante é o facto de tanto fazer disparates a meio da noite como em plena luz do dia, sem problemas nenhuns. Não o faço às escondidas. Simplesmente há alturas em que tem mesmo que ser e pronto. Sei perfeitamente que faço mal - por isso me sinto zangada umas horas depois.

Mas a verdade é que estou ciente de que isto é um transtorno alimentar, parecido com a bulimia, mas sem deitar fora depois. Mas se as pessoas com Bulimia Nervosa são "coitadinhas, é uma doença, não fazem por mal" já pessoas com Transtorno do Comer Compulsivo (sim, é este o termo médico) não passam de gulosos sem remédio, e por isso é que são gordos desprezíveis que não têm "força de vontade".

Posto isto, está visto que eu sou uma mulher tremendamente corajosa em estar embarcada nesta longa e árdua viagem até ao peso saudável!

Viva EU!

Fazer dieta é mais caro!

A pura verdade é que, para além de custar a fazer, as dietas saem caras, e os alimentos light são invariavelmente mais caros.

Andei a comparar, e vi que os fiambre de perú ou frango são quase o dobro dos de porco, o queijo light é mais caro, tal como o leite magro, os iogurtes, o peixe, as saladas, espargos e acelgas (alimentos termogénicos), os cereais integrais, etc.

À parte disto, existe toda uma indústria que lucra milhões à custa das pessoas que procuram ums redução de peso. Já se deram conta de quanto custa uma semana de Herbalife? Cerca de 25€. Eu faço os batidos da Multaben, e uma semana fica-me em 14€. Practicamente metade. É absolutamente incrível, e garanto que os batidos da Multaben são bem melhores. Já agora, compram-se no Celeiro.

E que dizer então das substâncias milagrosas, tipo Adelgafit, que nos prometem perdas de sei lá quantos quilos numa semana?

Vamos lá a ver: quem quer fazer uma dieta alimentar equilibrada tem de se preparar para gastar mais dinheiro do que o habitual. Sou gorda e quero ser magra? Tenho que abrir os cordões à bolsa quando vou ao supermercado.

(Já nem falo nos produtos milagrosos e nos tratamentos de emagrecimento, senão acho que o meu ordenado não chegava... mesmo os ginásios são caros, é preferível fazer em casa).

Mas não há dúvida que esses eurinhos a mais são a taxa moderadora que temos de pagar para termos uma melhor aparência e para nos sentirmos mais leves. Talvez valha a pena, não acham?

Dietando ...



A minha dieta iniciou-se há uns 2 dias, quase sem querer. Não determinei um dia exacto, para fugir ao clássico "diets always begin tomorrow".

Comecei por fazer chá verde e chá anti-colesterol, e bebê-los algumas vezes por dia. Isso só por si já é bom, porque eu só bebo àgua para tomar os medicamentos. E em vez de açúcar usei sacarina, outro ponto positivo. Hoje já estou a conseguir beber sem nada misturado, melhor aínda.

Tenho conseguido comer meia tigela de Special K, em vez de uma tigela cheia, e não ter fome. Que surpreendente!

Fiz sopa sem hidratos de carbono - substitui-se a batata por courgete. (Olha, é da maneira que gasto o stock de courgete congelada, da minha produção biológica do Turcifal!) Com pouco ou nenhum sal, claro. E quando chega a hora das refeições principais, como duas conchas de sopinha magra, polvilhada com farelo de trigo, por causa das fibras, e também para ajudar a "encher".

Já tentei misturar Depuralina, mas é mesmo horrível, não há hipótese! Comprei uma embalagem há 3 meses e só conseguir engolir aquilo uma meia dúzia de vezes, e sempre com vómitos. Enfim, 25€ para o galheiro... Também há em comprimidos, mas ainda é mais caro e, sinceramente, para regularizar o trânsito intestinal (ou c***r, em português vernáculo) há soluções mais baratas e igualmente eficazes, como o chá de sene.

Outra coisa importante é a saladinha, mas como odeio arranjar alface, compro daqueles pacotes. Fica caro, mas antes isso. Um pouquinho de azeite e vinagre de maçã, pimenta e um nico de sal numa chávena de café (só o fundinho), tudo misturadinho e aí está um dressing para salada. Sou capaz de comer uma quantidade surpreendente e ficar satisfeita.

Fruta, só fora das refeições, e mesmo assim com moderação - excepção feita ao abacaxi, que como mais que uma rodela, mas esse é até bom para dietas.

Grelhados e um pouco de hidratos de carbono, senão fico fraca e com dores de cabeça. Puré de batata, batata cozida, massa, arroz... em menor quantidade que o habitual.

É claro que de vez em quando lá vai porcaria, como os chocolates que comi ontem. Não adiantava resistir, eles estavam ali. Mesmo assim, hoje de manhã pesei-me e tinha menos 200gr. Menos mal.

Well, resumindo a coisa vai, mas devagar. Não é propriamente por causa de poder ficar flácida com a perda rápida de peso, mas porque não quero passar fome.

E agora vou fazer um Tae-bozinho ligeiro, para ver se começo a quimar mais colorias.

Os "outros"


Hoje estou assanhada por causa de um comentariozinho estúpido e extremamente mal educado: "Estás disforme!" É daquelas coisas que não se dizem, ok?

Então vamos deitar isto tudo fora, que há tempos que ando para me zangar com "os outros" - leia-se "os magros".

Começando, é certo e sabido que os outros têm sobre nós uma inegável influência, e invariavelmente pensam que por serem magros são melhores do que nós.

Dizem que o mundo é dos audazes, e se calhar têm razão, mas mais que bravura, a magreza determina a popularidade e a aceitação. No meu caso, sou tímida e a 2ª pessoa mais gorda do meu trabalho - logo estou socialmente num nível abaixo de todos os outros. Isso é-me lembrado todos os dias, não propriamente com palavras, mas com olhares e atitudes.

Toda a gente quer ficar magro, basicamente porque sim. É a moda. Longe, muito longe vão as ninfas nutridas das pinturas dos mestres como Rubens, já lá vai o tempo da "gordura é formusura"... O que está a dar é magreza muitas vezes extrema, e que levam, por pressão dos padrões sociais actuais, a doenças como a anorexia e a bulimia. Podem matar, mas isso é um risco aceitável para o objectivo de se ser magro. E essas pobres pessoínhas são olhadas com simpatia, coitadas.

Mas uma pessoa com excesso de peso é uma preguiçosa nojenta, que passa a vida com a cara enfiada em lasanhas e McDonalds...

Hoje em dia a obesidade é a epidemia do século XXI e os gordos são cidadãos de segunda - o que é uma tremenda injustiça, já se vê. Não que sejam propriamente cidadãos inferiores, mas é assim que são tratados, e exemplos não faltam, a começar pelas roupas.

As roupas dos outros são giras, as nossas são feias, não nos favorecem e até ficamos piores, pois parecemos uns sacos de batatas. Experimentem ir à secção de tamanhos grandes e vêm o que eu quero dizer. Padrões horrorosos, cores escuras, formas tubulares, túnicas compridas...

Nós, as senhoras, se acaso temos de vestir melhor para uma cerimónia, estamos tramadas. Não há outro remédio senão ir à Elena Miró e pagar 150 por uma saia...

Aqui há uns anos valente houve uma campanha do Mark&Spencer, onde apareciam roupas etiquetadas com o 44, e o slogan era "Sou uma mulher normal". Fiquei quase enternecida, porque visto preecisamente o 44. Abençoado M&S!

Ninguém é gordo porque quer. Há problemas de saúde e medicamentos que levam a esse estado, não pondo de lado o pecado da gula, claro. Eu, por exemplo, tenho plena consciência de que não tenho uma alimentação regrada (gosto demasiado de hidratos de carbono + como porções maiores do que devia), mas tomo também medicação que interfere com o peso. E não sou totalmente feliz, apenas porque tenho plena consciência de que sou olhada de cima para baixo, e isso destrói-me a autoestima.

Por isso, aos magros que nos olham com olhar reprovador de cima do pedestal (que não são todos, note-se bem), desejo apenas o seguinte: que ganhem peso na exacta proporção em que eu o vou perder.

Talvez assim nos compreendam e deixem de ser pedantes.

Visualizar o Objectivo



Sempre ouvi dizer (e uma colega de trabalho não se cansa de repetir) que se visualizarmos o que queremos, chegamos lá.


Lamentavelmente tenho a informar que isso é uma termenda e desavergonhada mentira. Pois eu tenho na casa de banho uma foto minha de há 6 anos atrás, quando pesava 62 kgs, que usei como incentivo à minha última dieta, e nada! Não há maneira de lá chegar.

Visualizar... Cá para mim, isso são conselhos de quem só queria perder meia dúzia de quilitos, ou assim... coisa pouca e não muito difícil.

No meu caso, a visualização daquela foto apenas me faz verificar que sou um fracasso ambulante e que, na melhor das hipóteses, talvez volte a pintar o cabelo daquela cor .

Também um colega blogger escrevia assim:

" ...como homem vou buscar inspiração a outras coisas, mas as senhoras poderão ver aquelas séries estilo marés vivas e querer ficar assim, mas sem o silicone (digo eu!)"


Sim, sonhar em ser como a Pamela ainda me faz ficar mais feliz! E não preciso do silicone, infelizmente estou mais que bem provida - isso é outro assunto: porque é que a partir do 38D só fazem sutiãs feios, tipo os que se vendem nas feiras? Grrrr...

O pior de tudo, e há quem talvez discorde, é que quando nos olhamos ao espelho vemos uma coisa, mas as outras pessoas vêm outra. Tal e qual como as anoréticas, mas ao contrário: elas vêm-se gordas, nós vemo-nos magras (mais ou menos).
A última vez que vi uma foto minha fiquei positivamente horrorizada! "Mas eu estou assim tão gorda? Sabia que estava gorducha, mas assim...Incrível!"
Deu-me vontade de chorar. E realmente senti-me o que sou: uma pessoa obesa. Sim, com um Índica de Massa Corporal de 33, estou no escalão da obesidade de tipo 1. E decidi-me a fazer alguma coisa.
Resumindo, talvez a visualização seja um incentivo, sim, mas não com recurso ao imaginário. Mais vale olhar para o que somos agora, e vermos que realmente temos mesmo que mudar.

Ginástica ? Só em casa!


Apesar de ter tido bons resultados no ginásio do antigo estádio da Luz (que estava quase sempre vazio), o que é certo é que detesto ginásios de qualquer tipo, e já experimentei alguns.
E detesto-os por duas boas razões:
1 ª - estão cheios de "top models culturistas" que olham para mim com desdém e me fazem sentir envergonhada de mim mesma;
2 ª - têm homens a olhar para os rabos, e o meu não é propriamente de "top model", daí sentir-me desconfortável.
É por isso que prefiro fazer ginástica em casa. E mesmo assim, o único tipo de exercício que eu consigo fazer sem desisitir a meio é o Tae-Bo, um tipo de arte marcial híbrida criada pelo campeão mundial Billy Blanks.
É uma mistura de Tae Kwon Do com aeróbica e é divertido e acessível. Não se dá pelo tempo passar e apesar de ser exigente acabamos motivadas e bem dispostas (e a suar que eu sei lá)!
É fácil obter vídeos online, mas a par destes decidi-me a dar alguma coisa em troca ao homem e mandei vir uns DVDs dos Estados Unidos. Mas são de um nível muito puxado, é preferível começar pelos de menor impacto.
Os vídeos do e-mule são mais acessíveis, e se não exagerarmos acabamos por ter um óptimo treino cardio em casa, sem termos de ir ao ginásio.
Por isso, fazer ginástica em casa é o melhor para mim. Não tenho desculpas para não fazer, posso parar o DVD a meio da coreografia se estiver cansada, o duche está mesmo ali ao lado.
Resumindo, o Te Bo é como o totoloto: é fácil, barato e dá milhões!

Ter "força de vontade"? Ha Ha Ha!





Tenho quase 40 anos e o colesterol e triglicéridos estão em níveis alarmantes. Preciso de perder peso e massa gorda, e disseram-me que para isso só é preciso uma coisa:

(rufam os tambores, grande sorriso de antecipação...)

"Força de vontade".


(os tambores caem ao chão)

"Força de Vontade?" respondo, "Eh pá!, digam-me onde é que se compra, que eu vou já lá!"


Quando se mora sozinha é fácil. De facto, basta ter em casa apenas maçãs, iogurtes magros, bolachas integrais, tomate, cebolas, jardineira congelada e carne picada magra, peixe, e já está. Fazem-se 7 refeições espaçadas, bebe-se 1,5 l de água por dia e em menos de um fósforo perdemos uma data de quilos. Sei porque já lá estive.

Mas e quando uma pessoa tem mais gente em casa - por exemplo, se é casada e com filhos, como eu ? Aí não se pode impôr restrições alimentares. Eles não querem. Eles não precisam. A gorda sou eu. Tenho é de ter "força de vontade".

E, fatidicamente, tem-se a casa recheada de tentações: bolachas, bananas, queijo, pão branco, danoninhos, nestum com mel, salsichas, ovos, esparguete e comida italiana em geral, para não falar em outros...

Quem o disse bem foi o Dr. Phil (sim, eu às vezes até vejo): "Limpem a despensa e o frigorífico e proporcionem-se um ambiente livre de tentações, tirem de casa tudo o que se pode pôr entre vocês e o vosso objectivo. A Força de Vontade não tem nada a ver com isso".

Amen.

Dito isto, a ver se é desta vez que consigo.