Até há bem pouco tempo existia um Fórum que eu consultava avidamente, todos os dias, onde postavam mulheres que, tal como eu, procuravam perder peso. Eu passava muito tempo a lê-lo e também participava. Mas de repente, sem mais nem menos, esse Fórum foi "apagado", e eu perdi o meu apoio virtual. Quase de imediato, aumentei 2 kgs.
Ando sempre a pesquisar, em busca de outros fóruns, blogs, comunidades, eu sei lá - mas não consigo. Até há blogs que poderiam ser interessantes, mas estão parados há muitos meses, alguns há anos. Encontrei uma que, coitadinha, pesa 65 e quer chegar aos 57. Tadinha, choro por ela!
Eu tenho 25 kgs a mais e a única coisa que oiço é "estás muito gorda, tens de ter cuidado", ou "estás grávida?", ou mimos do género, muitos deles por parte da minha própria família.
Falar é fácil. Mas emagrecer custa dinheiro e/ou apoio, e eu estou, neste aspecto, sozinha.
É domingo e eu aqui estou, diante do computador, a ver se a vontade de me empanturrar com hidratos de carbono desaparece... Hoje de manhã pedalei até S. Francisco, ontem passei para além da ponte, quase até ao Samouco... mas os fins de semana são muito difíceis, não há a rotina que tenho durante a semana, e que me deixa pouco tempo para pensar em comida.
E o aumento do peso continua, sem perceber porquê. Há uma semana, como tive de tirar um sizo e a cicatrização estava a complicar-se por causa de pedacinhos de comida que se alojavam no buraco, passei a uma dieta líquida. No Pingo Doce vendem-se umas latas de batidos substitutos de refeições, e é o que tenho feito.
Mas é impressionante: em vez de perder, aumento.
Estou perplexa. Já foi me foi eliminado o Dogmatil, um medicamento cujos efeitos secundários, acho, os tive todos: hiperprolactinémia, amenorreia, infertilidade, galactorreia, aumento do peito, aumento de peso...
Estou também a tomar um antidepressivo que também faz aumentar o peso. E agora comecei a tomar outro medicamento, o Seroquel, e vejam só - que surpresa! - também faz engordar, sobretudo nas primeiras semanas.
Há que optar: ou a minha saúde mental, ou a minha saúde física. Qual escolheriam? Pois, eu também não sei...
Dois médicos, de duas especialidades diferentes, falaram na possibilidade de me ser colocado o balão intragástrico - mas isso demora mesmo muito tempo, se tiver (como tenho) de recorrer ao eficiente Serviço Nacional de Saúde, para o qual reverte uma boa parte dos impostos que pagamos.
Contudo, nas consultas de obesidade tem de se esperar anos.
Sendo a obesidade a doença do século XXI, é-me difícil compreender a relutância dos médicos da caixa em nos recomendarem para o balão. "Primeiro tem que ver um endocrinologista" - E eu fui ao melhor endocrinologista do país, que me disse que "o balão ajuda, mas sabe que tem de fazer dieta para toda a vida". Eu sei isso. Mas apenas com uma dieta e algum exercício físico eu não consigo o tal arranque motivador: perder quilos a curto prazo.
Mas isso o que interessa? Sim, porque apesar de aquele médico ser conceituado inclusive a nível mundial, não me pode passar uma credencial para a consulta de obesidade em Sta Maria. Para isso, só o endocrinologista da caixa, e as consultas só têm vagas daqui a meses...
Sabem que mais? Se com 1.60m e quase 90kg me dizem que eu não preciso de nada dessas coisa (só a tal "força de vontade"), o melhor é mesmo comer desalmadamente até que chegue aos 120, 130kg e comece com problemas cardíacos, circulatórios, respiratórios, diabetes, hipertensão e tudo e mais alguma coisa que ponha em risco a minha vida de forma iminente.
Aí sim, de certeza que me põem logo o balão ou a banda gástrica, ou me fazem um bypass, ou seja lá o que for. E no fim de tudo, quando ficar com as peles caídas e flácidas, ainda tenho direito a cirurgia plástica e tudo!
E agora digam lá se vale a pena continuar a tentar perder peso sem ajuda médica... ou se não será afinal mais fácil perder esse peso ganhando-o primeiro.